sexta-feira, 19 de agosto de 2016

# Artigos # Bullying

Somos todos bullying

bullying está em todo o lado e cada vez mais somos alertados para o tema. Tão alertados que chega a cansar ouvir tantas vezes essa palavra. Mas a questão é que a maior parte da sociedade continua a ignorar este problema.
A verdade é que a maior parte das pessoas se estão nas tintas – e desculpem-me a expressão – para o bullying. Cada um que resolva os seus problemas… é assim que se vai vivendo esta vida. Mas a vida é uma autêntica merda se só nos preocuparmos connosco. Sim, leram bem, uma merda. Mas que raio andamos nós aqui a fazer se só olhamos para o nosso próprio umbigo e nos estamos a borrifar para a vizinha do lado que todos os dias leva porrada do marido ou para o gato que foi abandonado à sua sorte e está há uma semana à nossa porta cheio de fome e frio? E falamos de tudo. Da crise, do bullying, da violência doméstica, do abandono animal e do raio que o parta, mas não fazemos nada. Ah! esperem, partilhamos duas ou três imagens no facebook e fazemos o mesmo que eu estou a fazer agora: escrevemos uns textos bonitos e tal para dizermos que nos preocupamos e no dia seguinte voltamos às nossas vidas cruéis e esquecemo-nos dos problemas dos outros. Sim, todos temos problemas, mas é por isso mesmo que nos devemos preocupar com os dos outros. Porque talvez seja a ajudarmo-nos mutuamente que os problemas começam a desaparecer.
Mas, tudo bem, sejamos egoístas. E vamos então pensar só em nós nesta temática do bullying. Não nos importamos e não fazemos nada porque “é com os outros e eles que se entendam” mas nunca paramos para pensar que todos nós já sofremosbullying em algum momento das nossas vidas. Nem que seja no baile de finalistas quando aquela rapariga disse que o vestido te ficava mal porque és gorda ou quando te chamaram burra por teres tirado negativa a matemática. Já sofreste bullyingquando os teus colegas te puseram de parte na turma por teres opiniões diferentes ou por não gostares das mesmas coisas que eles, já sofreste bullying quando gozaram com a forma como te vestias ou quando te disseram que estás tão magra que mais pareces uma caveira. Já sofreste bullying quando te disseram que com esse feitio nunca ias ter namorado. Quando te fizeram chorar horas e horas fechada no quarto. Quando te fizeram sentir como se fosses uma merda e não tivesses mais vontade de viver.
O problema das pessoas é que acham que o bullying é bater, dar pontapés, socos e fazer-te lamber as escadas da escola. Mas o bullying é apenas um nome. Um nome que carateriza tudo o que de pior vamos vivendo ao longo da vida. Aquele par de estalos que levámos da rapariga mais velha da escola só porque o nosso cabelo era mais bonito que o dela, os nomes que nos chamaram na aula de educação física porque não tínhamos jeito para jogar futebol ou os risos de gozo dos nossos colegas porque ouvimos músicas diferentes. A verdade é que o bullying nunca vai acabar enquanto não aprendermos a respeitar-nos. Talvez porque todos fazemos um bocadinho de bullying de vez em quando. Fazemos bullying quando nos rimos do vizinho do lado que vomita de bêbado ao invés de o irmos ajudar, fazemos bullyingquando dizemos que os One Direction e Justin Bieber são artistas para “pitas de 12 anos”, fazemos bullying quando chamamos mil e um nomes ao nosso professor por não nos ter dado a nota que queríamos, fazemos bullying cada vez que olhamos de cima abaixo para a nossa colega do lado e pensamos “que gorda!” ou “que feia!”. Obullying não é um problema só de “pessoas mal formadas”. O bullying está dentro de todos nós, simplesmente, há quem saiba destruí-lo e depois há quem o use para se sentir bem, maltratando os outros. Esses outros são aqueles que o guardam dentro de si e se negam a recorrer a ele. Afinal, quando alguém nos diz “és gorda”, nós podíamos simplesmente responder “e tu és esquelética” mas preferimos sofrer e chorar ao olharmo-nos ao espelho. Porque escolhemos não ser como eles. Porque acreditamos no que nos dizem ao invés de atacar de volta. Acreditamos neles porque não está na nossa natureza magoar e então preferimos ser magoados. E se todos fossemos assim? Se todos deixássemos a faceta de bully que temos dentro de nós e nos preocupássemos em ajudar aqueles que sofrem? É por isto que eu acho que não é só quem sofre de bullying que precisa de ajuda. Quem o pratica precisa tanto ou ainda mais dessa ajuda. Porque entre dois caminhos – o bom e o mau – escolheram o mau e isso precisa ser retificado. Mas nós mal nos preocupamos com quem sofre e muito menos com quem pratica o mal. Talvez devêssemos começar a olhar mais para o lado.
Uma vez, a minha professora de Filosofia disse que temos de encarar o outro como um outro “eu”. Esta frase nunca mais saiu da minha cabeça e lembro-me dela todos os dias, sem excepção. Talvez seja mesmo disso que todos precisam. De uma aula de filosofia, de aprender a ver cada ser humano como “um outro eu” que merece as mesmas oportunidades, a mesma felicidade e o mesmo direito à vida. Às vezes está tudo à distância de uma conversa. Da conversa certa. Com uma simples conversa nós conseguíamos ajudar imensa gente. Mas, infelizmente, estamos todos demasiado ocupados com a nossa vida. Tão ocupados que nos esquecemos de que o mundo é uma zona de coexistência e que só evolui se trabalharmos uns com os outros.
Publicado em Capazes.

3 comentários:

  1. Um ótimo tema, bom final de semana, obrigado pela visita.
    Blog: https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

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  2. Eu amei os seu post, já sofri bullying e é horrível.
    Queria que as pessoas tivessem mais consciência disso.
    Beijos. ♥

    Diário da Lady

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  3. É exactamente isso!! Sublinhamos tudo. Está um excelente texto!

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Até logo, Diamond!

Obrigada pela visita!
Volta Sempre :)