terça-feira, 26 de maio de 2015

# Al Pacino # The Humbling

Opinião: The Humbling

The Humbling ou, traduzido para a nossa língua materna, O Último Ato é um filme dirigido por Barry Levinson e baseado num romance de Philip Roth. Teatro, homossexualidade e diferença de idades são três questões atuais retratadas no filme que nos traz uma mensagem: existem diferenças entre viver o momento e lembrar-mo-nos dele mais tarde. A verdade é que estou totalmente de acordo com esta mensagem.
Primeiramente tenho de confessar que, o facto de o enredo exibir a história de um ator que se dedica de corpo e alma ao teatro mexe muito comigo. O problema reside no facto de o teatro nem sempre ser valorizado como deveria. Já dizia Ney Piacentini, Presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, que “cultura é um direito do cidadão como a saúde, educação, moradia e transporte”, e o teatro faz parte dessa cultura porque, do meu ponto de vista, nos alimenta tanto que, à falta de trabalho, os atores, por vezes, entram em depressão profunda porque o país não financia aquilo que lhes dá paixão fazer. E depois vemos histórias como a de Simon Axler- protagonista do filme- que, ao perder a habilidade de memorizar, perde também o sentido da vida, começando a beber e apresentado sinais de stress pois não consegue fazer aquilo que mais ama. E aí está a presença da mensagem que o filme engloba, aquele “não lembrar” dos momentos vividos e que tanta falta faz a Simon.
Por outro lado, se virmos o filme com atenção, percebemos que tudo nele está devidamente enquadrado. As músicas aparecem no contexto teatral, a ação aproxima-se da realidade e os atores apresentam a história como se a estivessem a viver a sério. Histórias tão bem enquadradas como a de Pegeen, que se assume lésbica mas que, ao voltar a sentir uma atração pelo homem que a viu crescer, deixa a companheira e parte para os braços dele. Aqui o suspense é crucial e não conseguimos entender logo que tipo de sentimento há entre os dois, se amor, atração ou apenas um carinho paternal, o que torna o filme ainda mais atraente. Se isto não é real então o que é? O amor é real e a homossexualidade também e, pelo menos no filme, a homossexualidade é aceite sem violência ou discriminação, algo que não é comum na maioria dos filmes já que essa maioria torna-se sempre repetitiva: os homossexuais que são excluídos da sociedade porque amam alguém do mesmo sexo. E vocês podem perguntar “Isso também não é real?” Sim, é. Infelizmente a discriminação ainda é uma constante mas filmes repetitivos não têm aquele impacto que se deseja. Cansa ver sempre o mesmo, cansa ver uma personagem e prever logo qual vai ser o seu rumo na história. O que o público quer ver é algo diferente, algo que chame a sua atenção e que lhe puxe o raciocínio. E, nesse aspeto, O Último Ato ganha destaque.
Outro aspeto a ter em consideração é o facto de se fazer sentir, no enredo, a diferença de idades entre Pegeen e Simon pois este assunto ainda hoje é alvo das mais diversas críticas por parte de muitos de nós. Pageen era criticada pelos pais por estar apaixonada por um homem mais velho que ela, mas será a idade um impedimento para amar? O amor é universal, está nas pequenas coisas e todos têm direito a vivê-lo independentemente da idade. Em contrapartida, é um facto que a diferença de idades, neste caso específico, acaba por destruir o que há entre eles porque ambos têm diferentes objetivos para o seu futuro como casal. Ele quer ter filhos e ela não pois acha que ainda é cedo demais para isso, mas a verdade é que ele já está numa idade em que perde a esperança de um dia ser pai. É desta realidade que falo quando interpreto o filme. Quantos casais não se separam porque os seus objetivos de vida são condicionados pela idade? Talvez a idade afete mesmo uma relação mas não me parece que isso seja motivo para não tentar, como Simon e Pageen fizeram.
Por fim, resta-me avaliar o desfecho desta história. Como dizia Simon no seu camarim “o mundo inteiro é uma peça de teatro. Os homens e mulheres são meros atores.” Talvez esta frase se associe a todas as mulheres que passaram na sua vida ao longo deste filme. A verdade é que estas pessoas apareceram na vida dele e ele achava que a solidão ia acabar, mas no final do filme, ele acaba por ficar, mais uma vez, sozinho e à mercê dos seus pensamentos, como sempre esteve… E como acontece na vida real onde há muitos Simon’s perdidos por aí, sem conseguirem encontrar o seu verdadeiro caminho. Talvez a sociedade não contribua para ajudar estas pessoas porque é demasiado egoísta. É como se cada pessoa pensasse “eu estou bem logo não tenho de me preocupar com mais nada”, mas a verdade é que há muita gente a precisar de ajuda e todos nós dependemos uns dos outros para sobreviver. Porque não começar a encarar o outro como um outro “eu”?

Em suma, viver é uma dádiva que nos é dada logo quando nascemos. Uns sabem geri-la, outros nem por isso. Mas vivenciar um momento nunca vai ser igual quando o relembrarmos mais tarde, porque não há nada mais forte que o presente e as lembranças nunca vão passar disso: lembranças.


 

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